Arcano é um termo da língua portuguesa cuja etimologia remonta aos correlatos em latim: arcanus, arcana e arcanum. Na qualidade de adjetivo, o termo se refere àquilo que é secreto, misterioso e/ou enigmático. Mas ele também pode ser usado na função de substantivo, assumindo o lugar da própria coisa, neste caso, o grande segredo, mistério ou enigma, em si.
Na Alquimia, o termo designa um preparado ou poção enigmática reservada e acessível apenas aos adeptos e/ou iniciados nos mistérios desta prática esotérica.
Arcano é também o nome dado a cada uma das cartas do baralho de tarô, dividido este em 22 cartas relativas aos Arcanos Maiores (onde estão reunidos os principais arquétipos do conjunto simbólico) e 56 cartas pertencentes aos Arcanos Menores, que correspondem também às cartas do baralho comum (divididas nos quatro naipes conhecidos: copas, paus, espadas e ouros).
Apesar de ter ficado conhecido como instrumento de previsão do futuro, o tarô é na realidade uma poderosa ferramenta de autoconhecimento, possibilitando o estabelecimento de metáforas simbólicas acerca dos fatos do dia-a-dia, e permitindo exercícios reflexivos e poétcos acerca das experiências vividas.
O evento Encontros Arcanos é inspirado nos famosos encontros de Eranos, realizados em Ascona, na Suíça, e dedicados ao estudo da alma, dos símbolos e da espiritualidade. Eranos significa literalmente banquete, numa alusão indireta ao banquete filosófico de Platão. Os encontros de Eranos contaram com a participação de intelectuais de referência em diversas áreas do conhecimento, como C. G. Jung, Rudolf Otto, Gilbert Durand, James Hillman, Richard Wilhelm, D. T. Suzuki, Heinrich Zimmer, Karl Kerényi, Mircea Eliade, Henry Corbin, Herbert Read, Erwin Schrödinger, Niels Bohr e Joseph Campbell, entre outros.
Honramos, portanto, todos estes nomes e referências simbólicas aos quais prestamos homenagem.
Texto: Alexandre Silva Nunes